domingo, 31 de julho de 2011

Pós encontro I


Senhor Jesus, como filha amada que me sinto diante de Seus olhos, sei que não foi de todo ruim ter-me sentido com um tremendo vazio no peito há pelo menos treze meses. Sei que silenciar não foi em nenhum momento uma má escolha - apesar de as minhas atitudes denunciarem o contrário daquilo que realmente havia dentro de mim - ou o que NÃO havia. Reter lágrimas talvez não seja o melhor caminho, mas elas só foram retidas por não haver disponibilidade de minha parte para fazer uma entrega autêntica, verdadeira. Nos últimos dias houve e eu derramei cada gota de sal que a terra do meu coração precisava para o Senhor dar o gosto de que eu preciso para ter vida e vida em abundância. E esse vazio me acompanha há muito tempo, vai ver ele existe desde que eu nasci. Digo que ter 'um buraco no peito' é ótimo! Explico-me. Sentir-se vazio é, antes de tudo uma condição natural do ser humano. Sentir-se cada vez mais vazio é uma escolha. Eu escolhi ser assim. Confesso que a cada dia sinto-me mais vazia - vazia de mim. No início, me pareceu doloroso não sentir o prazer das festas nem encher os olhos ao ver objetos de valor, cheguei a pensar que estava indiferente à vida ou até doente; foi doloroso notar-me extremamente sensível ao menor gesto dos que amo - embora costume me calar em grande parte das situações e guardar no silêncio do meu coração as dores e as alegrias que presencio. Mais doloroso é sentir-me vazia e só. Dentre tantas pessoas em meu meio não havia uma sequer a quem eu pudesse comunicar aquilo que realmente apraz meu coração e faz-me sentir 'em casa'.    Sentir-me mais vazia a cada dia, é a verdadeira liberdade para mim - liberdade da qual falei no post anterior. Creio que tomar posse dessa ideia e vivê-la com todo o vigor que a juventude me permite é sim o verdadeiro caminho para eu me ver sem uma cascata de incongruências que jorravam de inúmeros atos controversos às palavras de minha boca. Sentir-se vazia e só é condição necessária para encontrar o verdadeiro preenchimento que toda criatura procura. Somente reconhecendo-me tão pequena e pecadora, escrava do amor e amiga da solidão é que encontro refúgio e proteção, paz de espírito e verdadeira alegria. Só assim posso entregar meu corpo, minha alma e inteiramente todo o meu ser àquilo que Deus sonhou para mim. Só vivendo para Jesus, com Jesus e por Jesus é que posso ter a verdadeira felicidade. Obrigada por TUDO, Meu Senhor e Meu Deus. Obrigada por todas as conquistas e alegrias, por todas as dores e decepções, sobretudo por todo o ensinamento, sabedoria e amor que o Senhor concede a essa pobre criatura. Sob a proteção de Sua Mãezinha peço a bênção de louvá-Lo por todos os dias de minha vida e ser canal de encontro de várias pessoas com o seu Amor.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Deveras livre


Despojo-me da liberdade para dela não ser refém. Apego-me com Deus e tenho Dele liberdade plena. Já não me importo com o ridículo a que poderão me submeter por ter escolhido essa ideia como um caminho a ser seguido e por estar começando a colocá-la em prática autenticamente. Não sei na sua vida, querido leitor, a quantas anda a ousadia ao dizer sim ou não - e com que convicção faz isso. Mas confesso que já disse diversos sim mal ditos; disse sim malditos para que hoje pudesse dizer não benditos a tudo aquilo que me afasta do Pai, que faz o Filho sofrer e àquilo que a Santíssima Virgem não colocou no coração de seu divino filho. Hoje é dia de buscar tudo aquilo que é santo. É dia de ser ousado e decidido como fora Maria, dia de dizer sim a Deus e não pensar em voltar atrás. 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Façam o que Ele lhes disser" (Jo 2:5)

Uma ordem de Maria no último ano em que a Igreja Católica dedicou um ano a ela.
(2012 será um ano Mariano novamente *---*)
Li a Mensagem do Papa João Paulo II aos jovens na ocasião do Terceiro dia Mundial da Juventude de 1988 e achei muito interessante, eis aqui uma visão iluminadíssima do versículo titular deste post:




No fim do segundo milênio da Era Cristã, num momento crítico na história do mundo trabalhando sob tantos problemas difíceis, o Ano Mariano é para nós um presente especial. Durante esse ano, Maria aparece para os nossos olhos como uma nova luz: a Mãe, cheia de ternura e amor, a Professora que que caminha antes de nós no caminho da fé e nos instrui para o caminho da vida.  Portanto, o Ano Mariano é um ano de ouvir Maria de um jeito especial. 
(...) 
O centro do Dia Mundial da Juventude deste ano é Maria, a Virgem e Mãe de Deus, e será um dia para ouvir. O que Maria dirá, o que nossa Mãe e Professora nos diz? No evangelho há uma frase em que ela se mostra verdadeiramente nossa Professora. É na frase dita por ela durante a festa de Bodas de Canaa, na Galiléia. Depois ela de dizer a seu filho: 'Eles não tem mais vinho', então ela disse aos empregados: 'Façam o que Ele lhes disser'. 
(...)
(Pintura de Paolo Veronese)

Essas palavras contém uma importante mensagem que é válida para todos os homens e mulheres de todas as idades. 'Façam o que Ele lhes disser...' dignifica: OUÇAM MEU FILHO JESUS, sigam o que Ele diz e coloquem sua confiança Nele. Aprendam a dizer 'sim' ao Senhor em todas as circunstâncias de suas vidas. Essa é uma mensagem muito encorajadora.
(...)
"Façam o que Ele lhes disser...' Nessas palavras, Maria expressou, acima de tudo, o maior segredo de sua própria vida. Ela está totalmente presente nessas palavras. A vida dela fora, certamente, um grande 'sim'  a Deus. Um 'sim' cheio de confiança e alegria. Maria cheia de graça, a virgem imaculada, viveu toda sua vida em uma completa abertura a Deus, em perfeita harmonia com o desejo Dele - mesmo nos momentos mais difíceis, que culminaram na subida dolorosa do Monte Calvário, aos pés da Cruz. Ela nunca desistiu do seu 'sim', porque ela colocou toda a sua vida nas mãos de Deus: 'Eis que sou uma serva do Senhor, faça-se em mim a Sua Palavra' (Lc 1:38).
Na Encíclica Redemptoris Mater, eu escrevi o seguinte: 'Na Anunciação, deveras, Maria se entregou completamente a Deus, com toda submissão de seu intelecto e de seus desejos, manifestando a obediência da fé ao que Ele disse através do Seu anjo. Ela respondeu, portanto, com todo seu humano e feminino eu, e essa resposta de fé conferiu perfeita cooperação a ambos com a graça de Deus que provê tudo quando há total abertura para ação do Espírito Santo".
'Faça o que Ele lhes disser...' Essa pequena frase contém todo o programa de vida que Maria que levou até ao fim como a primeira discípula do Senhor e ela nos empresta sua 'fórmula' nos dias de hoje. É um projeto de vida baseado na solidez  e na segurança chamadas de Jesus Cristo.
O mundo em que vivemos hoje é abalado por crises de vários tipos, entre elas, a mais perigosa é a perda do verdadeiro significado da vida. Muitos de nossos contemporâneos perderam o verdadeiro sentido da vida e estão procurando por substitutos em uma vida desregrada, drogas, álcool e sexo. Estão procurando por felicidade, mas o resultado é uma tristeza profunda, um coração vazio e frequentemente desespero.
Nessa situação, muitos jovens indagam a si mesmos sobre questões fundamentais: como devo viver minha vida sem perdê-la? Em quais bases devo construir minha vida para fazê-la verdadeira e feliz? Qual sentido devo dar a ela? Como devo lidar com situações complexas e difíceis - na família, na escola, na universidade, no trabalho, no meu círculo de amizades? Essas são questões e às vezes questões dramáticas que os jovens estão certamente se perguntando hoje.
Eu tenho certeza de que vocês querem construir suas vidas num terreno sólido que permita que fiquem de pé em meio à tribulação e que nunca os desamparará. E você vê que Maria nos aponta seu filho dizendo 'Faça o que Ele lhes disser', que quer dizer: ouçam-no, obedeçam-no, atendam o comando Dele e coloquem sua confiança Nele. Esse é o único projeto que garante uma vida verdadeiramente sucedida e feliz. Esse também é o único meio que dá profundo sentido à vida.
(...)Fé e amor não são somente palavras ou sentimentos vagos. Acreditar e amar a Deus significa ter uma vida consistente, vivida inteiramente sob a luz do Evangelho; isso quer dizer ter o compromisso de sempre fazer o que Jesus diz na Sagrada Escritura e nos ensinamentos da Igreja. Sim, isso não é fácil, e exige uma grande coragem para ir contra as tendências da moda e das opiniões do nosso mundo. Mas isso - eu repito - é o único projeto para uma vida verdadeiramente sucedida e feliz.
(...)


O texto original está presente no seguinte link:
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/youth/documents/hf_jp-ii_mes_13121987_iii-world-youth-day_en.html

sábado, 9 de julho de 2011

Das entregas...

Ah, a nudez de espírito...

É o acanhamento por causa dela que não permite as pessoas se entregarem à fé autêntica, a um amor verdadeiro. Talvez a maior dificuldade de nos "despirmos" diante de alguém por quem estamos apaixonados seja, não pelo ato de nudificar nossa alma, mas porque entregamos toda a fragilidade do nosso ser nas mãos de outro e entregamos também a ele o posto de guardião do nosso tesouro mais precioso (nosso coração) muito antes de criar coragem para falar... Jogamos para o alto o orgulho, a auto-afirmação, a autossuficiência, a confiança em nós mesmos; trocamos tudo isso pela simples possibilidade de a pessoa trazer mais sentido às nossas vidas, mais cor, mais alegria. Secretamente desejamos que ela tenha recolhido e guardado em seu coração tudo o que jogamos para cima e faça o mesmo para que tenhamos um elo de cumplicidade mútua. Depois do primeiro impulso, sentimos que podemos ser mais ousados e confiar nesse nosso cúmplice, mas ninguém disse que nos apoiando numa fragilidade humana poderíamos encontrar segurança. Penso que deve haver algo maior nas histórias de amor, de Amor de Verdade; não fosse assim, toda grande paixão avassaladora cheia de emoção teria final feliz - afinal, foram cúmplices de uma GRANDE loucura!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Inquietas sombras...



Reflexão após meditar sobre sombras inquietas de uma alma alheia. 

Talvez não seja possível acreditar na minha capacidade de compreensão acerca dum turbilhão de incongruências e da distância entre nós, viventes na Terra, e o plano de Deus em sua fiel execução. Mas eu compreendo sim! Confesso que meu sentimento à primeira vista, depois de notar essa discrepância, foi demasiadamente amargo para mim - é como se eu estivesse mergulhada até a cabeça dentro de um chiqueiro. E o pior - eu não escolhi estar ali -, tudo já existia "a priori", tanto as coisas boas quanto as ruins (e COMO se sobressaem as ruins no nosso julgo!). A inércia das pessoas com relação à própria infelicidade e com relação à infelicidade alheia me causavam asco. A visão acerca da vida à minha volta era cada vez mais lúgubre e turva... Foi então que eu percebi que a única maneira de mudar isso é não se deixando levar pelo que vem de fora; falo de coisas como apatia às coisas boas da vida, indiferença ao sagrado, ao santo, anestesia ao sofrimento dos seres vivos - em especial do ser humano - e por aí vai. Sentir-se mal é o primeiro passo. Talvez o segundo seja, apesar da tendência não promissora, ainda crer que há um futuro melhor esperando para ser alcançado, contagiar as pessoas ao redor com essa esperança no Senhor e, assim, não fazer parte da amargura alheia. Ser um autêntico cristão é, acima de tudo, mostrar quão grande é o amor de Deus por nós e esbanjar alegria; não falo de euforia, nem de pura satisfação sensível, mas de um olhar sereno e de um gesto despretensioso de caridade. Tentar consertar o mundo inteiro é utopia. Mas creio que temos duas chaves para a porta da verdadeira felicidade e uma não é autossuficiente sem a outra: 

1. Saber o que eu quero. Porque se eu não souber o que quero, não valorizarei o que eu tenho.

2. Buscar saber o que Deus quer de mim e valorizar a vontade Dele a ponto de buscar fervorosamente realizá-la. São duas coisas complexamente simples. Simples, porque são óbvias, qualquer pessoa que pense um pouquinho consegue identificá-las unidas como um bom caminho para ser seguido. Complexas, porque cada um tem suas amarras que não permitem a tomada de atitude.

sábado, 2 de julho de 2011