quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"Viver é muito perigoso..."



Uma das frases mais famosas de Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa na obra Grande Sertão: Veredas. 

E sabe que é mesmo... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo...

Detesto os mecanismos de defesa que nossa mente cria para "nos proteger" dos perigos emocionais e, quando nos damos conta (se é que muitos se dão), esses mecanismos acabam por nos "matar". Por quê? Diga-me se é saudável você ser traído por alguém que ama e erguer os ombros, se é bom querer muito realizar um sonho e do nada simplesmente desistir dele, se é sincero consigo mesmo não sofrer por aquilo que deseja ardentemente e não pode ter momentânea ou definitivamente. Não é! Em nenhuma dessas e de tantas outras situações é bom estar indiferente, porque precisamos de um longo caminho de auto-engano que não percorremos ilesos. O preço desse caminho é vivermos no engano de nós mesmos, fugir da nossa própria identidade e, vivendo sem ela, matamo-la por não aceitá-la. Isso é suicídio, e pior, o caixão é nosso próprio corpo: insensível, impenetrável, duro, frio... 
É ilusão achar que vive bem quem se sente bem. Às vezes (muitas vezes!) nos sentimos mal, mas isso é sinal de estarmos vivos. É impossível isolarmos os bons sentimentos dos ruins, pois eles são como dois pólos de um ímã: são opostos e inseparáveis; se, de alguma forma, conseguirmos anular a natureza magnética de um, por conseguinte, o outro também não existirá. 
Escrevo isso, porque sofro. Porque vejo muita gente que simplesmente escolheu não viver, descobriu que "viver é muito perigoso" e achou que desligou o botãozinho do sofrer com sucesso, mas não percebeu que desligou-se completamente. Escrevo por catarse, por não ter por perto alguém que enxugue minhas lágrimas, pela falta de um abraço apertado. Carência, sim; mas isso passa e uma forma de atenuá-la é aceitá-la e conviver com ela. Quando ela se cansar, vai embora. Muito obrigada por ter lido essas pobres linhas enfadonhas.