sexta-feira, 4 de março de 2011

NOVIDADE?


          Eu tive que rir. Acho que a notícia do Jornal Nacional de ontem pecou por pelo menos 45 anos de anacronismo. Mas talvez seja nossa culpa, nós que batemos no peito e dizemos: "sou Católico!" e não buscamos conhecer a Doutrina da Igreja, não lemos seus documentos e afins. Vejo que não estou perdendo muita coisa ao repudiar a programação global. 
           Vejam: A jornalista, cujo nome desconheço, correspondente da Globo no Vaticano disse que o Papa Bento XVI fez um pronunciamento histórico. Maldita ignorância. Não sei que motivos levaram o Santo Padre a tal pronunciamento - talvez externar a posição da Igreja Católica aos não-cristãos via TV, algo mais acessível às massas. Até nisso houve pobreza de informações na reportagem do Jornal. Mas o fato é que o espasmo da moça repousava na fala do Santo Padre que, resumidamente, 'desresponsabilizou' o povo judeu da morte de Jesus; aquele salientando que não há nenhum fundamento teológico a favor do anti-semitismo. Ok! Alguém aqui conhece o Catecismo da Igreja Católica (falo da edição pós Concílio Vaticano II)? Pois bem... Eis a prova do anacronismo:
           Levando em conta a complexidade histórica do processo de Jesus manifestada nos relatos evangélicos, e qualquer que possa ser o pecado pessoal dos autores do processo (Judas, o Sinédrio, Pilatos), conhecido só de Deus, não se pode atribuir a responsabilidade ao conjunto de judeus de Jerusalém, a despeito dos gritos de uma multidão manipulada e das censuras globais contidas nos apelos à conversão depois de Pentecostes. O próprio Jesus, ao perdoar na cruz, e Pedro, depois dele, apelaram para a 'ignorância' dos judeus de Jerusalém e até dos chefes deles. Menos ainda pode-se, a partir do grito do povo: "Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos"(Mt 27, 25), que significa uma fórmula de ratificação, estender a responsabilidade dos judeus no espaço e no tempo.

         Aquilo que se perpretou em sua Paixão não pode indistintamente ser imputado a todos os judeus que viviam então, e nem aos de hoje... Os judeus não devem ser apresentados nem como condenados por Deus nem como amaldiçoados, como se isso decorresse das Sagradas Escrituras.
           
(Catecismo da Igreja Católica - Edição Típica Vaticana, p. 169)

Esta parte em negríto também está disponível em:
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19651028_nostra-aetate_en.html
como declaração do Santo Padre de então, João Paulo II, aos não cristãos, sob o título NOSTRA AETATE.

          Caros irmãos, fica a dica: BUSQUEM CONHECIMENTO, para que possamos, JUNTOS, defender a fé em Cristo Jesus com argumentos sólidos, com autoridade, com toda nossa força e carisma de jovens! Um dia eu chego 'lá'. Também estou na busca - há pouco tempo, por sinal. Quem puder, ajude-me. 

In corde Jesu et Mariae semper!

5 comentários:

  1. acho que a declaração foi forte por vários motivos, mas o principal pode ser o das acusações feitas contra o papa de simpatizar com a causa nazista na época (não dizendo que as acusações são verdadeiras, mas elas existem). Fora que houve, sim, muito preconceito da parte da igreja contra os judeus antigamente, ainda que, muitas vezes, por razões políticas, e em algumas partes do mundo ainda há. Mas isso só evidencia que a ICAR possui muitos braços, inclusive doutrinários, ainda que provavelmente (por que realmente nao pesquisei) haja uma carta doutrinária oficial.

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  2. Eu sei que a Igreja tem inúmeras falhas; todos nós estamos em constante processo de conversão - até mesmo o Papa. Mas é notória a evolução e a ousadia dos dois últimos papas, em especial, em reconhecer crimes cometidos pela igreja no passado (sobretudo nos tribunais da inquisição) e esclarecer certos equívocos que foram divulgados pela boca de muitos. Todo mundo sabe de casos de pedofilia, de padre não honrando seus votos de castidade e mantendo relações sexuais com mulheres, de corrupção. É por esses e tantos outros sacrilégios que os fiéis se afastam. Mas é necessário lembrar de boas heranças que permaneceram: os clássicos gregos, embora proibidos pelo "index lobrorum prohibitorum", foram conservados graças aos monastérios e aos monges que zelavam pelas obras e as copiavam para ter alguns exemplares que perdurassem durante os séculos. Para os universitários que atacam a Igreja católica com veemência é bom lembrar que as universidades foram criadas pela igreja, que o método científico de pesquisa teve como precursores católicos do século XII - muito antes do Renascimento e do "Século das Luzes" (XVIII). Aos médicos que metem o pau na igreja talvez fosse legal lembrar que Mendel era um monge e, sob análise "catolicamente" criteriosa e matemática, fundou as bases da genética.
    Só para fechar, é por causa das heresias feitas pela própria igreja ainda hoje que o Papa Bento XVI pede incessantemente que rezemos por ele, pois ele está entre lobos.
    Mesmo com tantas coisas boas e más que existem em 2000 anos de história, a NASA constatou que a Igreja Católica Apostólica Romana é a instituição mais respeitável do planeta. Puta merda (desculpe a expressão), em que mundo a gente vive?

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  3. Talvez as acusações contra o papa da época até sejam verdadeiras, cara. Porém, isso já passou; a salvação de Cristo é universal, mas a responsabilidade de aceitá-la ou não é nossa. Eu ceio que tudo o que há de ruim no corpo da igreja católica, ou de qualquer outra religião, se for visto e processado em nosso intelecto com a Luz do Espírito Santo, nós podemos suscitar gerações de verdadeiros santos de Deus, aqueles que o adoram em Espírito e em Verdade. Foi no meio de vendas de indulgências, de concupiscência viva dentro dos monastérios medievais que suscitaram Santos como São Francisco de Assim, Santo Antônio de Pádua(COMO EXPLICAR? HUMANAMENTE IMPOSSÍVEL).Qualquer dúvida acerca da concepção dos Santos da Igreja, procure-me, mas desde já, que fique BEM claro: nós NÃO adoramos imagens, NÃO adoramos santo nenhum.
    Mas... Voltando à credibilidade da igreja, foi o próprio Cristo que disse "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e o império da morte não a vencerá. A ti darei as chaves do reino de Deus: o que atares na Terra ficará atado no céu; o que desatares na Terra ficará desatado no céu." (Mt 16, 18-19). Quem sou eu para dizer que vou a outro canto se Pedro disse "A quem irei se somente Tu, Senhor, tens palavras de vida eterna?" (Jo 6, 68). Eu sou apenas uma peregrina que busca ouvir a Voz de Deus, um dia poder encontrar Cristo no Reino dos Céus e conto com a misericórdia dele pra isso; porque eu sei que pelo meu próprio mérito o que eu realmente mereço é ir para o inferno e abraçar o capeta. Que Deus tenha muita paciência comigo, perdoe meus erros recorrentes, minha pobreza de espírito, minha burrice, minhas misérias todas que me impedem de vê-lo e de provar do seu amor plenamente. Digo estas coisas, porque o Espírito de Deus disse na assembleia a verdade da minha vida que eu ocultava de todos, porque eu já vi, na presença de Jesus na Eucaristia, câncer sendo curado, já ouvi mudo falar, já repousei no Espírito, já ouvi a voz de Deus uma vez e desejo ardentemente ouvi-la novamente; porque a prática da caridade incendeia minha alma, porque meu Deus é um Deus do impossível. Só mais uma coisa: eu não sou louca; tento ser cristã, ainda que indigna de Cristo.

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  4. Quando se diz "Igreja", não se fala em fundação humana, e portanto é bom salientar que afirmações como "Igreja santa e pecadora" ou "erros da Igreja no passado" são ditos heréticos.
    Quem errou ou pecou foram os "membros", mas não a Igreja. Pois Igreja não é só o que se vê, mas o que se assimila pela fé nos que já partiram para a Graça Eterna.

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  5. Nada como um ser mais iluminado... Obrigada, Lê! Seus posts são bem-vindos para acrescentar ao conteúdo do blog com sua base teórica mais densa que a minha e, se necessário, corrigir as falhas às quais minha ignorância me leva. Não seja brando quando estas ocorrerem.

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