segunda-feira, 23 de maio de 2011

Entrega



Ai, Deus meu
Não olhe para mim com essa cara de decepção que eu morro.
Eu sei que meu coração é sujo demais para permitir que eu o veja, mas o Senhor sabe que minha sinceridade é límpida e, por isso, eu assumo esse pecado tão vil em minha carne. Já não sinto mais vontade de orar pela minha própria alma - não faz sentido. A partir de hoje, quero orar apenas pelos outros, que com menos de Ti conseguem ser mais santos que eu, eles que menos evangelizados tem o coração mais puro, com menos Palavra são mais fiéis, eles que... Merecem mais o Reino dos Céus do que eu.
Ai, Deus meu...
Hoje sei que o único que contribuiu veementemente para minha boa formação nessa vida foi meu pai que me poupou da arrogância oriunda do elogio excessivo, que sempre se calou diante dos meus feitos para não alimentar meu orgulho... É incrível como elogios são venenosos para nós. Nos levam ao topete de nosso ego e puxam os degraus de baixo dos nossos pés, de modo que nossa única ostentação é o ar. Cada vez que eu caio, sinto-me nua diante da Santa Eucaristia, sinto-me suja diante dos meus amigos, como se pudessem ver minha vileza em minha testa.
Mas hoje, a partir de hoje... Vou esquecer de mim e viver para aquilo e para aqueles que amo. E que eu ame o mundo inteiro... Pela indignidade de minh'alma, não ouso entregá-la assim à Vossa Santíssima Existência, mas ouso entregar a alma de todos aqueles que conheço e que chegarem ao meu pensamento agora, sobretudo aqueles que, mesmo sem querer, me fizeram sofrer. Aqueles que não O louvam, Senhor, que não O conhecem, aqueles que pecam neste exato momento; eu entrego-os todos como se entregasse o último suspiro dos meus pulmões aqui na Terra.
Entrego tudo. Minhas ações, meus sentimentos, toda minha vida para fazer parte de Tua Obra.
Entrego TUDO Àquele que só soube se entregar por Amor para a salvação dos homens...

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